>Ainda me lembro do gancho para o nosso primeiro artigo sobre Roatán: água quente e clara, povoada por recifes de corais impressionantes e um toque de aventura selvagem. Isso distinguia Roatán de outras ilhas caribenhas mesmo naquela época; quando fomos para lá, parecia que estávamos voltando no tempo, a uma época anterior da vida na ilha. Tínhamos voado para Honduras continental de Miami e, então, embarcado em uma aeronave a propulsão para um voo de 178 km (111 milhas) de San Pedro Sula até Roatán. Caixotes de frangos vivos dividiam os compartimentos de carga com nossas malas Pelican de equipamento fotográfico; assim que pousamos, crianças do vilarejo vizinho vieram saudar o avião, esperando ganhar alguma gorjeta modesta por descarregar a nossa bagagem. Os resorts eram completamente integrados à beleza natural da ilha e, em um momento no qual elementos de Miami estavam entrando furtivamente em muitos destinos caribenhos, Roatán permanecia uma terra esquecida pelo tempo.
>Agora, 33 anos depois, retornamos a pedido de nossa filha, Alexa, que queria comemorar sua iminente formatura da faculdade com uma viagem de férias de primavera. Ficamos extasiados com a perspectiva — especialmente se comparada com a opção concorrente de algum bacanal em um típico destino de festas de primavera. Ali estava a oportunidade de compartilharmos um tempo especial juntos e, ao mesmo tempo, curtir um mergulho excelente e incríveis atrações de beleza natural. Nossa esperança era inspirá-la a continuar um estilo de vida de mergulho ao planejar as próprias férias na vida adulta. Roatán era o destino que mais ressoava em nós, e esperávamos que fosse assim também para ela.
>Roatán oferece praias deslumbrantes, embora eu não possa dizer que passamos muito tempo nelas, à parte uma adorável excursão a cavalo uma tarde, ao longo de West Bay. Muitas das atividades e excursões disponíveis são estruturadas para as frequentes chegadas de cruzeiros todas as semanas. Gostamos particularmente de duas: Maya Key e Gumbalimba Park. Em Gumbalimba, fizemos um passeio de tirolesa sobre as copas verdejantes das árvores, ziguezagueando até o nível do mar e saindo em uma reserva com papagaios e outros pássaros tropicais, enquanto macacos-prego destemidos se aproximavam (e proporcionavam oportunidades de fotos) com bastante tranquilidade.
>Com cerca de 48 km (30 milhas) de extensão e menos de 8 km (5 milhas) de largura em seu ponto mais largo, Roatán é costeada pela Barreira de Recifes Mesoamericana, a maior do hemisfério ocidental. Embora a ilha não seja muito massiva em comparação com outras ilhas do Caribe, é grande o suficiente para que mergulhar na ilha inteira a partir de uma única base em um resort seja impraticável. Mas, em compensação, não importa onde você se hospede, haverá inúmeros bons pontos de mergulho por perto sem a necessidade de fazer longas viagens de barco. Um dos melhores guias de mergulho na ilha, o Roatán Dive Guide, Edição 2.1: 60 of Roatán's Best Dives (2013), conta com o conhecimento local considerável do autor Ignacio Gonzalez. Gonzalez divide a ilha em três áreas distintas: Baía de West End/Oeste, Noroeste e lado Sul (que cobre a área entre French Harbour e Jonesville).
>Em uma viagem de uma semana, não há motivo para mergulhar no mesmo ponto duas vezes, a menos que você queira. O mapa ilustrado na parede do resort em West End deve revelar de 35 a 40 pontos com ancoragem, enquanto um resort no lado sul irá exibir o mesmo nível de diversidade de mergulho (e, na maior parte, pontos bem diferentes). Apesar do número crescente de operadoras de mergulho em Roatán, praticamente o único lugar em que você encontrará outros mergulhadores no mesmo ponto pode ser um dos naufrágios. Mesmo ali, a disponibilidade de boias de ancoragem limitará o número de mergulhadores no ponto ao mesmo tempo.

>Por boa parte desse mergulho, ficamos perto do ponto de entrada, apreciando os abismos profundos que dividem o recife em dois e as esponjas coloridas que decoram a margem do mar. Esponjas-de-vaso-azuis despontavam da parede, e fiquei bastante feliz por encontrar concentrações de corais elkhorn intactos. A vida marinha variava desde pequena e tímida, como os butter hamlets e os indigo hamlets (Nota da tradução: peixes da família Hypoplectrus, típicos da Flórida e do Caribe), até os mais exibicionistas, como as garoupas-negras que adoram o seu status protegido dentro do parque marinho e não têm medo de pousar para as fotos.
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>Por falar em mergulho com golfinhos, o Instituto de Roatán para Ciências Marinhas oferece uma oportunidade de interagir com golfinhos-nariz-de-garrafa em um encontro no mar aberto. Após uma orientação na superfície, abordando a anatomia e o comportamento dos golfinhos e a etiqueta do mergulho com golfinhos, uma viagem de cinco minutos de barco leva os mergulhadores a um anfiteatro de areia a cerca de 18 m (60 pés) na água. Dois ou três golfinhos, então, nadam até o local, acompanhados pelo treinador. Embora os encontros sejam consideravelmente estruturados, os golfinhos tendem a nadar bem perto, uma oportunidade que os mergulhadores munidos de câmeras GoPro em nosso grupo pareceram apreciar, dado o fundo azul transparente.
>Mergulhadores de naufrágio encontram muita diversão em Roatán, com três naufrágios separados afundados intencionalmente para se tornarem atrações de mergulho. O Prince Albert, uma fragata oceânica de 50 m (165 pés) afundado em um canal próximo aos resorts da costa sul, repousa na areia a 19 m (65 pés), com a proa se erguendo a 7,5 m (25 pés) da superfície, possibilitando um amplo tempo de fundo e mais tempo de eliminação de gases em multiníveis. No entanto, o naufrágio se localiza em um canal agitado, por isso é melhor não retornar à superfície acima dele a menos que seja necessário e somente depois de lançar uma boia de marcação de superfície.

>Cara a Cara significa "face a face," e é assim que os mergulhadores e os tubarões-de-recife caribenhos se encontram o dia todo em um encontro com tubarões entre 18 m e

>com 10 a 20 tubarões-de-recife caribenhos.

>Próximo a French Harbour, você encontrará um dos mergulhos mais procurados de Roatán: Mary's Place. Um platô em cotovelo, afundando no oceano entre 9 m e 15 m (30 e 50 pés), e um par de fissuras decoradas com gorgônias e esponjas que chegam a 23 m (95 pés) fazem deste um dos pontos de mergulho mais amplos e impressionantes da ilha. A vida pelágica pode ser vista saindo das rampas e ao longo das paredes verticais. Encontrei cardumes consideráveis de xereletes e bicudinhas ao longo dos anos; esse é o único lugar que parece não desapontar nunca.
>Embora eu ainda me lembre claramente o que mais me tocou em nossa primeira viagem, algumas referências de base mudaram nas três décadas que separam o meu olhar de Roatán do olhar de minha filha. Perguntei-lhe o que mais a marcou, e ela disse:
>"No mundo submarino, realmente amei os naufrágios... muito. Mergulhei bastante em naufrágios rasos em Key Largo, mas eles tendem a ser um pouco quebrados pelas ondas. Esses estavam bastante intactos, e senti que as escadas e portas podiam realmente levar a algum lugar. Também gostei das paredes verticais em muitos lugares. Saíamos de uma grande fissura e, de repente, havia essa queda para o fundo, toda decorada com grandes esponjas. Gostei da sensação de vertigem e de ficar só um pouco negativa na minha flutuabilidade e me deixar levar para baixo. Mas, tenho de dizer, nadar com os golfinhos no oceano foi, talvez, o mais surpreendente. Tínhamos visto alguns golfinhos-de-dentes-rugosos no primeiro dia e, então, conseguir ver de verdade os nariz-de-garrafa de perto e mergulhando foi realmente emocionante para mim. Nosso dia com os tubarões também foi incrível. Tinha visto tubarões-lixa antes, é claro, mas essa foi a minha primeira vez com duas dúzias de tubarões grandes, e adorei. Mas nem todas as minhas melhores lembranças são subaquáticas. A tirolesa entre as árvores foi pura adrenalina, e aqueles macaquinhos eram fofos. Andar a cavalo na praia ao pôr do sol também foi incrível. Pensando bem, uma semana não foi realmente suficiente. Quando vamos voltar?"
>Agora, pensando nisso, aquelas últimas palavras devem ter sido exatamente as mesmas que disse a minha esposa em 1982. No fim das contas, talvez as referências de base não tenham mudado tanto assim. Eu também estou pronto para voltar.
>Habilidades necessárias: À parte algumas poucas paredes e naufrágios mais profundos, o mergulho em Roatán não é considerado particularmente desafiador. As viagens de barco até os pontos de mergulho são geralmente curtas, e as águas tendem a ser calmas na costa a sotavento da ilha. Correntes extremas são raras e previsíveis, dependendo do lugar. Os divemasters conhecem bem as condições e fazem um bom trabalho ao fornecerem briefings de mergulho completos e descritivos.
>Parque Marinho de Roatán: Estabelecido em 2005 ao longo da costa noroeste, o objetivo do parque é impedir a superexploração. Remoção de detritos marinhos, manutenção das boias de ancoragem e controle da população de peixes-leões são as atividades principais.
>© Alert Diver — 3º Trimestre 2015