>Eu podia ouvir a animação dos mergulhadores próximos a mim através de seus reguladores enquanto eu apertava o obturador. O leão marinho nadou para longe, e eu subi no barco em meio a exclamações de alegria e pedidos para ver minhas imagens. Enquanto eu passava as imagens, no entanto, entristeci. Ao Invés das fotos que eu havia imaginado — um leão marinho defensivo margeado por raios de sol bem definidos — a imagem que eu tinha tirado parecia uma bola branca de morte margeada por um horroroso halo de água. Havia mesmo um leão marinho no meio daquela esfera de luz intensa?
>Instantaneamente eu soube o que havia feito errado: os ajustes de exposição da minha câmera, tão perfeitos para as imagens anteriores que eu havia feito com o sol nas minhas costas, não haviam sido ajustadas para fotografar contra ao sol. Que humilhante. Eu me virei para os outros mergulhadores e balancei a cabeça humildemente enquanto suas risadas compassivas ecoavam ao meu redor. Eu descobri que estava em boa companhia; durante toda a viagem de volta ao porto os outros fotógrafos me regalaram com histórias parecidas de oportunidades perdidas.

>O filme era melhor para registrar contrastes e detalhes de cor sutís do que a maioria dos sensores, portanto um sol apropriadamente exposto tinha mais possibilidade de gerar um resultado agradável. Entretanto, a maioria dos fotógrafos já fez há muito tempo a transição para a fotografia digital, e nós aprendemos a fazer os ajustes da velha para a nova media. Os sensores digitais estão constantemente melhorando, e as câmeras digitais oferecem várias ferramentas para ajudar os fotógrafos a aproveitarem ao máximo cada oportunidade.
>Tirar fotos no formato RAW assegura a retenção da latitude de exposição para cada arquivo de imagem. Rever as imagens e histogramas ao longo de cada mergulho oferece constantes oportunidades de ajustar a definição de exposição, e bracketing (tirar várias fotos em sequência com exposições ligeiramente diferentes) proporciona uma rede de segurança digital para minimizar as chances de problemas com a exposição.
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>Embora a explicação ótica pareça simples, esse lindo efeito de luz exige um conjunto muito particular de circunstâncias que não são encontradas em todo mergulho. Primeiro, quanto mais fundo você for, mais a energia luminosa é difusa, portanto o efeito de "feixe" ocorre principalmente em águas rasas. Segundo, se há uma ondulação na superfície da água a luz do sol fica mais difusa, o que pode impedir a formação de feixes distintos. Terceiro, partículas na coluna de água, um incomodo em muitas outras situações de fotografia, na verdade ajudam a definir os raios de sol. Finalmente, o momento certo tem um papel importante na captura desse efeito. Esse fenômeno é mais provável quando o sol está baixo no céu; portanto alguns fotógrafos podem planejar mergulhos no início da manhã ou no final da tarde para tentar capturar esse efeito.
>Muitos dos princípios para observar e fotografar efeitos de estrela com raios definidos são os mesmos para raios de sol rasos. Os fatores mais importantes incluem águas rasas que contenham um pouco de matéria particulada, superfícies calmas e sol baixo. Águas mais profundas ou horários diferentes do dia podem apresentar um sol redondo com características visuais diferentes, mas isso não é um elemento composicional menos interessante.
>Uma tática

>Infelizmente, existem algumas ocasiões nas quais fotografar em direção ao sol simplesmente não irá produzir uma imagem aceitável. Em águas muito transparentes, rasas, no meio do dia, por exemplo, a probabilidade maior é de que seu sol vá se parecer com um borrão esbranquiçado com halos periféricos ciano-aquosos — não importa as configurações que você tenha escolhido para sua câmera. Uma técnica popular eficiente é usar estruturas de recife ou de naufrágio, animais marinhos ou a silhueta de mergulhadores para bloquear a maior parte do sol. Outra é ajustar sua composição para incluir apenas a borda do sol ou seus raios. Uma opção final pode ser aplicada depois do mergulho: Se você tirou uma foto que inadvertidamente ou inevitavelmente contenha um sol superexposto, um pouco de criatividade no corte da imagem pode permitir que você recupere uma imagem que de outra forma seria irrecuperável.
>Se você está sobre águas profundas e transparentes, existe uma outra maneira de incorporar o sol em sua imagem em condições de muita luminosidade: tire a foto em um ângulo inclinado para baixo com o sol atrás de você. Os raios irão parecer às vezes convergir para um ponto abaixo de você, criando um efeito óptico de perspectiva que pode adicionar componentes criativos às imagens, em especial fotografias de animais marinhos pelágicos. Como você não está fotografando contra o sol, essa técnica é mais maleável em termos de configurações, embora altas velocidades do obturador ainda possam ser necessárias para congelar os feixes de luz e capturar imagens em foco de seus modelos principais.
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>Como o fundo de muitos desses cenários é escuro, sua configuração da exposição pode ser diferente de quando fotografa raios de sol durante mergulhos em recifes rasos. Uma alta velocidade de obturador irá ajudar a congelar os feixes de luz, mas se for muito rápido sua imagem não mostrará os detalhes da estrutura adjacente. Nesse caso, um pouco de experimentação irá ajudar a afinar o equilíbrio entre raios de sol bem definidos, detalhes e cores da água visíveis. Medir a luminosidade na água e ajustar suas configurações de acordo pode ser um bom começo. Ou você pode simplesmente fazer exposições com um ponto acima e abaixo. Uma tela digital de LCD irá revelar um bom ponto aproximado para começar, e exposições com aberturas acima e abaixo são boas garantias da melhor imagem RAW possível.

>Para o ISO um bom começo é dobrar a potência do seu flash cada vez que você reduz seu ISO, por exemplo, se você estiver fotografando com um ISO 200 com seu flash a 1/4 da potência, então diminuir seu ISO para 100 deve permitir que você aumente a intensidade de seu flash para 1/2 potência. Sem dúvida, esse processo racional se baseia em um entendimento básico das inter-relações entre ISO, abertura e potência do flash, mas sua habilidade nessa técnica será acelerada usando uma abordagem de tentativa e erro que incorpore uma revisão cuidadosa das imagens e histogramas ao longo de seu mergulho.
>Mesmo o flash mais potente produz uma quantidade limitada de luz, que é fraca em comparação com o sol. Se você não conseguir iluminar adequadamente seu tema em primeiro plano, você pode ter que ajustar suas expectativas mais rigorosamente do que as configurações de sua câmera. Escolher temas menores, por exemplo, como ramos individuais de corais moles ao invés de cabeços cobertos de corais, irá permitir que você se aproxime, o que aumentará a intensidade luminosa potencial em seu tema. Temas com cores claras ou refletivos também exigem menos potência do flash do que temas com cores escuras ou que absorvam luminosidade.
>Se tudo isso falhar, ainda resta um truque criativo: a silhueta. Ao utilizar um tema não iluminado para bloquear o sol, você pode só com isso diminuir as limitações da velocidade de sincronização do flash — e potencialmente temas em primeiro plano expostos de forma inadequada. Para silhuetas é melhor escolher temas com formas definidas, como mergulhadores ou animais marinhos grandes e icônicos. Com sorte, a silhueta se torna um elemento composicional importante, permitindo que você aproveite completamente os raios de sol.
>© Alert Diver — 4º Trimestre 2014