>Aproximadamente quatro horas mais tarde a mergulhadora fez um outro mergulho. Ao subir à superfície ela estava nauseada e vomitou (ela nunca havia sentido esses sintomas após um mergulho). A náusea passou rapidamente, e a mergulhadora fez cinco outros mergulhos nos dois dias seguintes apesar do inchaço significante e da mobilidade comprometida que durou cerca de quatro dias.
>A mergulhadora vestiu uma roupa seca e luvas de neoprene em todos os mergulhos. Quando não estava mergulhando ela manteve a ferida seca e passou uma pomada com antibiótico sobre ela. Ela também tomou um anti-histamínico e aplicou aspirina moída na pele ao redor do local das mordidas (não diretamente na ferida), mas nenhuma dessas atitudes ofereceu nenhum alívio. Coceira e dores significantes atingiram seu ápice cinco a seis dias após o incidente.
>A lesão demorou aproximadamente sete semanas para sarar, embora dor, sensibilidade ao toque e coceira tenham durado três meses, com pequenas recorrências durante quatro a cinco meses após o incidente, normalmente após exercícios, ou cedo pela manhã. Seis meses após o incidente, ainda havia um nódulo de tecido na área da mordida.
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>A demora nos cuidados apropriados para a ferida pode ter sido um fator complicador. A DAN® recomenda lavar as mordidas de animais marinhos imediatamente com sabão e água limpa para minimizar os riscos de infecção. Uma infecção pode prejudicar a cicatrização e danificar significativamente o tecido. Os mergulhadores não devem mergulhar com feridas abertas porque a exposição ao ambiente aquático pode aumentar os riscos de infecção.
>É importante monitorar o local da ferida pois os sinais de infecção podem aparecer entre algumas horas a várias semanas após uma lesão. O inchaço imediato sofrido pela mergulhadora pode ter sido uma consequência do trauma inicial, da subsequente exposição à uma miríade de antígenos e/ou toxinas. Os sintomas prolongados foram muito provavelmente resultado de uma infecção.
>O selo do punho da roupa seca pode ter sido um fator complicador secundário. Embora o inchaço tenha sido provavelmente causado por uma reação inflamatória aguda, o selo apertado do punho pode ter comprometido a perfusão distal, exacerbando ainda mais os sintomas.
>Além da inflamação da área afetadas, outros sintomas de infecção incluem dor, vermelhidão e imobilização. Esses sintomas podem ser lembrados usando-se o acrônimo DVIIC: dor, imobilização, inchaço e calor (temperatura elevada na área afetada). A causa da náusea da mergulhadora no final mergulho não está clara.
>Um terceiro fator complicador neste caso pode ter sido a demora nos cuidados médicos. A DAN recomenda que os mergulhadores tratem lesões causadas por animais marinhos da mesma maneira que qualquer outra mordida de animal e busquem atendimento médico imediatamente. Neste caso, a ferida foi avaliada 10 dias após o incidente, atrasando o tratamento que poderia ter limitado a progressão dos sintomas da mergulhadora.
>Incialmente o médico prescreveu 10 dias de tratamento com o antibiótico levofloxacina. A evolução dos sintomas e a progressão da descoloração, entretanto, fizeram com que o médico prescrevesse ainda os antibióticos amoxacilina e clavulanato, por 10 dias juntamente com um anti-histamínico para controlar a coceira.
>Este incidente deve servir para enfatizar que o imediato tratamento de feridas pode reduzir o risco de infecções sérias. Sempre que possível, os mergulhadores devem fotografar as feridas, porque as imagens podem ajudar os médicos a providenciarem um tratamento mais efetivo e eficiente. Os mergulhadores devem entender que manusear animais marinhos pode resultar em acidentes, alguns dos quais podendo resultar em complicações sérias.
>2. Campanelli A, Sanchez-Politta S, Saurat JH. Cutaneous ulceration after an octopus bite: infection due to Vibrio alginolyticus, an emerging pathogen. Ann Dermatol Venereol. 2008; 135(3): 225-27
>3. Fry BG, Roelants K, Norman JA. Tentacles of venom: toxic protein convergence in the kingdom animalia. J Mol Evol. 2009; 68(4): 311-21.
>4. Taylor DM, Ashby K, Winkel KD. An analysis of marine animal injuries presenting to emergency departments in Victoria, Australia. Wilderness Environ Med. 2002; 13(2): 106-12.
>© Alert Diver — 2º Trimestre 2015